Vacinas testadas no Brasil

 


    Se em alguns países as pesquisas por uma vacina para o Corona vírus estão avançadas, algumas já em testes clínicos, no Brasil os estudos ainda são muito preliminares. Pelo menos quatro grandes instituições brasileiras trabalham para desenvolver um imunizante, mas o fazem com poucos recursos e estão muito distantes dos testes em humanos, fase crucial para a aprovação de uma fórmula. As duas iniciativas mais adiantadas — da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Minas Gerais e do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor) — nem sequer chegaram à etapa dos chamados testes pré-clínicos das vacinas , que são realizados em animais e devem começar nas próximas semanas.

     No Instituto de Ciências Biomédicas ( ICB ) da Universidade de São Paulo (USP), o trabalho acaba de passar da fase conceitual, em que se decide a estratégia da pesquisa. O Instituto Butantan, em São Paulo, encomendou o material genético do vírus e aguarda sua chegada para dar início ao estudo. CNPq dará R$ 50 milhões para.

    Os recursos são modestos se comparados aos bilhões de dólares destinados às pesquisas em outros países. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico ( CNPq ), por exemplo, abriu edital para pesquisas científicas sobre a Covid-19, sejam elas de diagnóstico, tratamento ou desenvolvimento de vacinas. Os projetos disputarão R$ 50 milhões, sendo que pesquisas com testes clínicos terão no máximo R$ 8 milhões cada. O resultado está previsto para o próximo dia 15.

    "Estamos atrasados e temos pouco dinheiro, infelizmente. Investir numa vacina brasileira é estratégico por dois motivos: soberania nacional e independência tecnológica. Há países que já compraram centenas de milhares de doses antes mesmo de a vacina estar pronta. Haverá vacina para todo mundo? Será que uma única dose dessa vacina vai proteger? E por quanto tempo? Será que um mesmo paciente não terá de ser vacinado duas ou três vezes por ano?", questiona Alexandre Machado, do Grupo de Imunologia de Doenças Virais da Fiocruz Minas, à frente do laboratório em que 12 pesquisadores, a maioria alunos de pós-graduação, dedicam-se a desenvolver uma vacina para COVID-19.

    A equipe de Machado é capitaneada por Alexandre Gazzinelli, líder do Grupo de Imunopatologia da Fiocruz Minas e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Vacinas (INCTV). Por ora, conta com R$ 500 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e aguarda a liberação de R$ 3,5 milhões autorizados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações ( MCTIC ).

    Uma das mais avançadas no país, a pesquisa da Fiocruz de Minas deve iniciar os testes em camundongos nas próximas semanas. A plataforma escolhida é a do vetor vacinal — usa-se um vírus modificado, no caso o da influenza, para que ele transporte parte da proteína do novo Corona vírus ( Sars-CoV-2) para dentro da célula. O objetivo é desenvolver uma vacina bivalente, que proteja tanto da influenza quanto da COVID-19. Não será injetável, mas usada como aerossol, por via nasal. 

    "As células da mucosa nasal têm grande quantidade desse receptor do Corona vírus. Por isso, achamos que a inoculação nasal é ideal, já que é a mesma via de entrada do vírus. Pode ser mais eficiente do que uma vacina intramuscular para induzir a imunidade local", explica Gazzinelli.

Testes clínicos em 2021

    Segundo o pesquisador, “com otimismo”, até o fim do ano serão concluídos os testes de segurança em animais. Só depois, em 2021, terão início os testes em humanos. O cronograma é parecido com o da pesquisa liderada por Jorge Kalil, diretor do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração ( Incor ), uma das primeiras iniciativas brasileiras por uma vacina para a COVID-19.

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